sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

1º SEMINÁRIO DE FOTOGRAFIA PERIFERICA



Quem não foi perdeu uma grande oportunidade de conhecer novas pessoas e outra realidade de vida. Confesso que relutei em ir, pois sou impotente à noite e o bairro não me traz boas lembranças, mas me enchi de coragem e enfrentei meus medos, pois eu não tinha medo deles eu tinha medo de mim.



Quando cheguei conheci o fotografo Tadeu Vilani do jornal Zero Hora, um cara fantástico que fez um trabalho lindo na Vila Dique fez amizade no primeiro dia e no dia seguinte foi tomar café na casa das crianças do bairro.




       Aos poucos o pessoal foi chegando o seu Prudêncio um negro velho que é representante de varias ONGs, mantém uma luta ferrenha contra descriminação racial e todo tipo de descriminação, conversamos muito, aprendi muito com ele e com sua visão de mundo.


    

      O Olivier Pierro nos contou sobre os subúrbios franceses, suas políticas de moradia e suas favelas verticais. Parecia inacreditável um fotografo tão renomado quanto ele, ali ao alcance de meus ouvidos eu ouvia tudo e absorvia o maximo por mais que às vezes não dava para entender o seu ¨franceportunhol¨. O Olivier era traduzido pelo também fotografo Fernando Rabello, outro cara incrível que mora no Rio de Janeiro e que nos mostrou que o Umbú é como o lugar onde todos moramos sem nada a se temer, pois o respeito, simplicidade e humildade nos tornam iguais.
   
    O pessoal da comunidade, fantásticos por mais que tenham dificuldades eles tinham um brilho no olhar, carinho um amor para dar que não se encontra tão fácil, tiramos muitas fotos juntos ainda mais quando souberam que eu era morador da lagoa do cocão um lugar aonde eles vão para tomar banho nos dias quentes.



 Acabamos criando um laço que aonde eu ia era rodeado por crianças, permiti que tirassem fotos com minha maquina, eles achavam o maximo, pois afinal de contas era seu primeiro contato com uma maquina fotográfica em suas mãos. A igualdade estava estabelecida deixei de ser o Paulo e comecei a ser o tio. Bati fotos com todas as crianças



 Estávamos planejando o próximo seminário quando de repente começamos a ouvir o som dos tambores era algo muito alto, mas era contagiante, quando me dei conta estava acompanhando a batida dentro da sala e batendo nas pernas. Descemos para recebê-los foi quando me emocionei e comecei a chorar, eles tinham largado de seu futebol, estavam suados e com fome, mas felizes porque estávamos ali na sua comunidade, eles batiam seus tambores tão fortes, mas tão forte pois naquele momento alguém os escutava. O sentimento que me invadiu não consigo escrever nem falar quando me lembro choro, descobri ali naquele momento qual era a poesia de que aqueles fotógrafos falavam. Era aquele brilho do olhar, no sorriso, na pele, na batida forte do tambor, é o brilho da ¨vida¨.
É chegada a hora de ir embora, a tristeza foi tomando conta, mas sensação de dever cumprido acalma o coração, eles nos pedem para irem junto com nós, a sensação que se tem é despedida de rodoviária, de uma pessoa que deixa sua família sem saber se vai voltar eles acompanham o carro um bom trecho do caminho, mas aos poucos vamos nos distanciando, a tristeza de vê-los pelo espelho é confortada pela lembrança de suas imagens que jamais sairão de meu coração.

Um comentário:

Riete disse...

Sabes que esse texto quase me fez chorar. Conseguistes transmitir a real sensação de estar envolvido em um trabalho tão bacana como esse de fotografia. As fotos ficaram lindas e teu texto só traduziu aquilo que muitas vezes não enxergamos na imagem!Parabéns!!!