sábado, 12 de março de 2011

Jornal a Semana

                 Uma verdadeira lição de vida

Continuando a série de reportagens sobre o tema “Os efeitos do crack e outras drogas”, a reportagem do Jornal A SEMANA entrou em contato com Paulo César Cavalheiro da Silva, ex usuário de drogas.
“Não tenho vergonha do que fiz, pois tive que perder tudo para dar valor à Vida”. Esta foi a frase proferida por Paulo, um alvoradense de 37 anos de idade que trabalha como carpinteiro. Ele é casado e pai de família, que diz ter sido um tipo de “laboratório da droga” quando usuário, pois experimentou durante seus 22 anos como dependente, todo o tipo de droga.
Paulo começou como usuário quando tinha apenas 13 anos de vida e usava quase que diariamente outros tipos de drogas. Hoje se considera um vencedor depois de perder tudo o que tinha para a droga e depois de se tratar corretamente em uma “Comunidade Terapêutica” e no CAPS AD de Alvorada. Hoje ele está
conseguindo recuperar tudo o que perdeu para a droga. Confira abaixo a entrevista com este alvoradense que, com persistência, está dando a volta por cima.
A SEMANA – Qual a diferença da tua vida, antes e depois do uso da droga?
Paulo César – Hoje eu aprecio as pequenas coisas. Antigamente, eu vivia em função da droga. Comia, dormia, enfim vivia toda minha vida por e para ela, a droga.
Antigamente eu tinha 60 quilos, quando meu peso ideal é 80 kg. Além disso, tive um AVC/Ataque Vascular Cardíaco.
A SEMANA – Quando surgiu a vontade de parar de ser usuário?
Paulo César – Foi no dia 23/12/08 que eu tive a vontade de parar. Pode-se dizer que fui um micro empresário do ramo, mas como eu só queria usar da droga fui perdendo tudo o que tinha. Comprava e vendia carros, vendi móveis de dentro de casa, até que eu roubei coisas da casa de minha mãe, e logo após fugi para consumir o dinheiro que a venda dos utensílios tinha me propiciado. Passados alguns dias, esbarrei com a mãe na rua e na mesma hora ela me perguntou o que eu tinha a dizer. Logo falei que estava com fome e imediatamente ela me levou para casa. Mas como eu tinha perdido tudo, tanto família quanto esposa, fiquei do lado de fora esperando a comida, quando meu filho chegou do colégio e me perguntou: “Pai, onde estão as coisas da vovó? E porque você não se trata?”
A SEMANA – A internação, verdadeiramente ajuda?
Paulo César – No meu caso ajudou. Mas, para que a pessoa pare, é necessário em primeiro lugar que ela queira e tenha o desejo de não usar mais a droga.
A SEMANA – O que tu tens a dizer, como uma mensagem para os leitores do Jornal?
Paulo César – Eu tenho orgulho do que eu sou. Pois todo mundo fala em “fundo de poço”, mas no fundo do poço é onde a água brota e ali é limpa, eu vivia era num verdadeiro esgoto, pois eu usava a droga dentro de um tubo de esgoto.
 
Mas, contudo eu tenho certeza que depois da droga, há uma vida maravilhosa para ser vivida
.

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